EQ 138. 04 OUT 2019
A Espádua a Dentro
Este exercício é da maior importância para o desenvolvimento do equilíbrio do cavalo bem como para a preparação da maioria dos exercícios que fazem parte das provas de Dressage, todavia, neste artigo focar-nos-emos apenas na sua definição e avaliação de acordo com Regulamento da FEI.
Tempo de Leitura: 5 min
O que é a Espádua a Dentro
A Espádua a Dentro é um exercício executado a trote concentrado, devendo o cavalo demonstrar uma ligeira e uniforme encurvação à volta da perna de dentro do cavaleiro, num ângulo de aproximadamente 30 graus, mantendo a concentração e a cadência. O anterior (mão) interno do cavalo passa e cruza em frente do anterior externo, enquanto que o posterior interno avança para debaixo do cavalo (levando a um ligeiro abaixamento da anca interior) seguindo a mesma pista do anterior externo. O posterior externo mantém a trajectória inicial, o que faz com que, quando bem executado, o cavalo defina 3 pistas. No final da espádua a dentro as espáduas devem voltar à pista inicial, alinhando assim os anteriores com os posteriores.
Objectivo da Espádua a Dentro
Demonstrar um movimento lateral executado numa linha recta, num trote concentrado, equilibrado e fluido, com uma ligeira e constante encurvação contrária à direcção para onde o cavalo se desloca.
Questões a ter em atenção:
A Regularidade/impulsão
Por vezes o cavalo apresenta um trote concentrado bem definido na parede pequena (ex: na prova St. Georges) porém, ao iniciar a espádua a dentro, não o consegue manter (precipita ou perde impulsão). Como em todos os exercícios a regularidade do andamento é um factor preponderante na avaliação, pelo que é importante que a concentração e a cadência do trote concentrado durante a espádua a dentro seja igual ao trote concentrado que antecede este exercício.
Dica: Aposte na regularidade
Assegure-se que não haverá diferença na concentração e cadência do trote que antecede a espádua a dentro e aquele em que esta é executada. A existir uma diferença, então, aposte numa maior exigência (nível) de concentração durante a espádua a dentro, uma vez que esta implica um ligeiro abaixamento da anca interior do cavalo.
Ângulo/encurvação
O ângulo deve ser de aproximadamente 30 graus. Para simplificar, dizemos que o anterior externo deve passar a pisar na pista onde normalmente pisa o anterior interno (“a mão de fora passa para a pista da mão de dentro”), ficando assim definidas as 3 pistas. Os erros mais comuns que verificamos na execução deste exercício são:
- muito ângulo ou pouco ângulo;
- flexão apenas do pescoço sem existir alteração da posição das espáduas;
- tracção na rédea de dentro, o que leva ao consequente bloqueio da nuca, fazendo com que esta deixe de ser o ponto mais alto ou fique “entesourada”;
- posteriores a “derrapar” para fora em vez das espáduas se deslocarem para dentro - ou seja, passamos a ter uma “garupa a fora” em vez de uma espádua a dentro - sendo esta situação mais notória quando a espádua a dentro é executada na linha do meio.
Dica 1: Posição e antecipação visual
O paralelismo dos ombros do cavaleiro com as espáduas do cavalo, a direcção do olhar têm um papel importante neste exercício. Assegure que os seus ombros estão paralelos às espáduas do cavalo e que ambos se movimentam (rodam) em simultâneo, posicione o seu ombro de fora na pista onde normalmente pisa o anterior interno (o seu ombro de fora ficará quase em frente à sua anca e perna de dentro), direccione o olhar para num ponto fixo e mantenha-o aí até terminar o exercício; por último assegure-se que define bem a finalização do exercício trazendo as espáduas do cavalo à posição inicial. Importa sublinhar que se à espádua a dentro se seguir imediatamente uma volta/círculo, virar à esquerda (prova de Young Riders) ou um ladear, nestes casos, o cavaleiro deve aproveitar o ângulo e encurvação da espádua a dentro, sem necessidade de trazer as espáduas à posição inicial.
Dica 2: “O ângulo não é tudo, se necessário, seja comedido”
Se o cavalo/cavaleiro ainda não estão estáveis na execução deste exercício (ex: nas provas Médias) a sugestão passa por começar com um ângulo ligeiramente inferior, visando assim assegurar o equilíbrio, a fluidez do trote, a consistência da encurvação e o controle dos posteriores. À medida que for sentindo maior estabilidade aumente o ângulo até aos 30 graus, pois é melhor e mais valorizado progredir no exercício do que regredir!
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